Você gosta de histórias com bruxas e vampiros? Eu adoro! Mas confesso que estava um pouco cansada de ver essas tramas sempre ambientadas em colégios, com personagens adolescentes e dilemas repetitivos.
No entanto, recentemente a Netflix adicionou uma série no catálogo que me fez olhar com outros olhos para esse universo: A Descoberta das Bruxas. É uma produção de 2018, baseada na trilogia As Almas da Deborah Harkness, e traz uma abordagem mais madura, com protagonistas um pouco mais velhos — e isso dá um frescor incrível para o gênero. São 3 temporadas, cada uma com cerca de 10 episódios, perfeita para maratonar sem pressa.
Abaixo quero compartilhar uma breve resenha de cada temporada. Então, faz um café e vem comigo mergulhar nesse universo onde bruxas, vampiros e demônios convivem com os humanos, e onde o amor é capaz de desafiar o tempo... e até as regras do sobrenatural.
Temporada 1: o despertar da magia
A história acompanha Diana Bishop, uma historiadora brilhante e também uma bruxa. A grande questão é que Diana evita qualquer contato com sua própria magia. Ela prefere viver como uma humana comum, renegando suas raízes e tudo o que envolve o mundo sobrenatural.
Tudo começa a mudar quando, durante uma pesquisa para uma tese de doutorado, ela acaba invocando acidentalmente o manuscrito Ashmole 782, um livro antigo e misterioso que pode conter a origem de todas as criaturas mágicas. É quase como se fosse uma “bíblia perdida” do mundo sobrenatural.
Depois desse evento, Diana atrai a atenção de diversas criaturas do mundo mágico, incluindo Matthew Clairmont, um vampiro enigmático e também cientista. Matthew está em busca de respostas sobre as origens do mundo das criaturas e acredita que o manuscrito é a chave para isso. A partir daí, ele começa a seguir os passos de Diana.
No entanto, entre encontros e diálogos, a busca pelo livro se transforma em algo maior: um romance entre os dois. O problema é que há uma regra rígida no universo mágico ditada pela Congregação — espécies diferentes não podem se envolver. O relacionamento entre Diana e Matthew, então, assume contornos de um Romeu e Julieta sobrenatural, e os dois precisarão enfrentar muitas barreiras para ficarem juntos.
O que mais me chamou a atenção no início da temporada foi a estética acadêmica. Com Oxford como pano de fundo, a série ganha um ar intelectual e envolvente. Há um verdadeiro clima de descoberta, mistério e tensão em torno do manuscrito. A narrativa tem um ritmo mais lento, mas é muito cativante. O mistério sobre o livro nos prende e a curiosidade sobre o que ele pode mudar na história é crescente.
Confesso que o romance em si não me conquistou tanto na primeira metade da temporada, só no final comecei a sentir uma química real entre os dois. Fico pensando se, nos livros, essa relação é mais bem construída.
Outro ponto que me incomodou foi a falta de efeitos especiais mais convincentes. Então, se você espera algo visualmente grandioso, talvez se decepcione um pouco. Minha dica é deixar essa questão de lado e focar na trama, porque é aí que está o verdadeiro tesouro da série.
Temporada 2: amor no tempo da alquimia
Essa é, sem dúvidas, a melhor temporada! Isso porque Diana e Matthew viajam no tempo para a Londres elisabetana. Aqui, temos figurinos lindíssimos e uma atmosfera muito mais densa e sofisticada do que na primeira temporada. É visível que houve um investimento maior na produção, pois a qualidade visual melhorou bastante.
Um ponto que vale destacar é a evolução da própria Diana. Enquanto na primeira temporada ela se mostrava distante da sua magia, aqui a vemos, finalmente, abraçando quem é. Ela começa a aprender a lidar com seus poderes e busca aperfeiçoá-los. É lindo ver como sua personalidade vai ganhando força junto com o florescimento da sua potência mágica.
A temporada também nos apresenta novos personagens, como Kit Marlowe, Gallowglass e Philippe de Clermont — pai de Matthew. Um dos aspectos mais interessantes nesta fase da história é o contexto histórico. Somos bem situados na linha do tempo e acompanhamos grandes marcos da humanidade se desenrolando ao redor do universo mágico criado por Deborah Harkness. Por isso, a trama ganha contornos mais políticos e complexos.
No fim das contas, é uma temporada de construção, tanto de mundo quanto de relações. Aliás, o relacionamento entre Diana e Matthew se aprofunda aqui. Há conflitos, amadurecimento e, finalmente, uma química verdadeira. Foi nesta temporada que o casal me convenceu de vez e eu passei a torcer para vê-los cada vez mais juntos em cena.
Temporada 3: o confronto final
De volta ao presente, Diana e Matthew enfrentam a Congregação e as ameaças que surgem com a chegada dos filhos. Sim, eles se tornam pais nesta temporada! Até então, acreditava-se que vampiros não podiam se reproduzir, mas algo extraordinário acontece e Diana engravida de Matthew, o que, claro, vira também um ponto de interesse para a ciência de Matthew tentar explicar.
Diana finalmente assume, de forma plena, o seu papel como bruxa tecelã e se torna a figura central com potencial para mudar o destino de todas as criaturas mágicas. Nesta temporada, vemos a conclusão das tramas políticas e familiares envolvendo vampiros, bruxas e demônios.
Aliás, uma coisa que me incomodou bastante foi a falta de clareza sobre os demônios. Em nenhum momento a série deixa evidente o que os diferencia dos humanos. Não há demonstrações de poderes ou mudanças físicas que possa diferenciá-los de maneira concreta. Fiquei o tempo todo me perguntando: o que define um demônio, afinal? Será que nos livros essa diferença é melhor trabalhada? Porque, na série, faltou bastante.
Infelizmente, essa temporada também sofre com o ritmo acelerado. Enquanto as anteriores contaram com 10 episódios, essa tem apenas sete e isso compromete demais a narrativa. Tudo acontece de forma muito rápida, os arcos são encerrados sem tempo para se desenvolverem e não há uma construção de clima adequada para o tão esperado gran finale. Foi bem decepcionante nesse sentido.
Por isso, fiquei com ainda mais vontade de ler a trilogia. Sinto que esse universo tem uma construção rica e envolvente, principalmente em relação à conclusão, que na série acabou sendo atropelada para caber no tempo de tela reduzido.
Vale a pena assistir?
Apesar de não ser perfeita, com alguns momentos de ritmo irregular, efeitos especiais muito simples e uma temporada final que poderia ter sido melhor desenvolvida, a série conquista pelo seu charme único. A ambientação em Oxford, com aquele clima acadêmico e cheio de mistério, e a viagem à Londres elisabetana, repleta de detalhes históricos, dão um toque super interessante à história.
O coração da série, porém, está no relacionamento entre Diana e Matthew: um amor que desafia regras antigas e preconceitos, mostrando que, mesmo em um mundo cheio de magia, o que realmente importa são as conexões humanas. A jornada deles é repleta de descobertas, superações e crescimento, o que torna a trama não apenas envolvente, mas também emocionante.
Se você busca uma série que combine aventura, romance, mistério e um toque de história, tudo isso temperado com um ritmo que permite a você se aconchegar no sofá, preparar um café e se deixar levar, A Descoberta das Bruxas é uma boa escolha.
Em resumo: vale a pena assistir? Sim, caso você queria se entreter com algo mais tranquilo. Você apenas precisa ignorar algumas inconsistências, mas é uma experiência que, mesmo com suas imperfeições, deixa aquele gostinho de magia que todo fã do sobrenatural procura.
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