Hotel Magnifique tinha tudo para ser uma fantasia incrível e, de fato, começa com uma ideia genial: um hotel mágico, itinerante, que só aceita hóspedes muito ricos (ou muito sortudos) e que viaja de cidade em cidade deixando para trás apenas boas sensações, mas nenhuma memória depois que os hóspedes voltam para casa. É nesse cenário que conhecemos Jani e Zoza, de 17 e 13 anos. Duas irmãs órfãs tentando sobreviver num mundo onde magia é perigosa, exceto dentro do tal Hotel Magnifique.
Jani trabalha para sustentar as duas e sonha em voltar ao vilarejo natal. Então, quando surge um anúncio de emprego no hotel mágico, ela vê ali a chance perfeita para ganhar dinheiro e ainda fazer essa viagem. Zoza, com sua voz encantadora, consegue o emprego de cantora, enquanto Jani reprova na seletiva. Mas ela dá um jeitinho de entrar no hotel mesmo assim, usando um convite roubado.
No entanto, o hotel, que parece ser um lugar dos sonhos, logo se revela um pesadelo. E é aí que a magia começa... e os problemas também.
A ambientação criada pela autora é o ponto alto do livro. O hotel é excêntrico, criativo, com aquela atmosfera glamourosa que beira o sombrio e, muitas vezes, foi essa atmosfera que segurou minha leitura quando a trama dava uma estagnada. Porque sim: a narrativa é arrastada em vários momentos e, em alguns períodos, tive a sensação que nada estava acontecendo.
Jani, a protagonista, entra no arquétipo clássico da mocinha curiosa e destemida, mas a tentativa de fazê-la soar corajosa e petulante me cansou em vários momentos. Já Zoza é mais equilibrada e, apesar da pouca idade, mostra carisma de um jeito bem natural, mesmo ela tendo pouco espaço na história.
O interesse romântico de Jani, Bel, um dos funcionários do hotel, é o bonitão misterioso que quer parecer lobo solitário, mas obviamente vai acabar caidinho pela mocinha. Ele até tem muitos momentos interessantes, só que mal explorados. Assim como a Beatrice, uma personagem coadjuvante super carismática que merecia mais tempo de desenvolvimento.
Aliás, o livro até tenta flertar com a fantasia dark, mas do jeito que foi construído não me convenceu. Faltou aquele frio na barriga, aquela torcida desesperada pelas personagens. Até os momentos de reviravolta não entregaram muito. Um dos plot twists era bem previsível e o outro, embora tenha me surpreendido um pouco, não foi tão impactante.
Além disso. senti que a magia, que deveria ser o grande espetáculo da narrativa, ficou muito diluída. Eu queria ter visto mais do funcionamento do hotel, mais feitiços, mais estranhezas.
E o final? Corrido demais. A história tem mais de 400 páginas e, ainda assim, a conclusão pareceu apressada, mal resolvida, e com aquele velho truque do “deus ex machina” que quebra qualquer envolvimento emocional.
No fim, Hotel Magnifique é um livro com uma ideia fantástica, mas que peca na execução. A ambientação é linda, a proposta é criativa, mas a narrativa não sustenta o que promete. Queria ter mergulhado mais fundo na magia, me emocionado mais com as personagens e ficado sem fôlego nos momentos sombrios. Não é uma leitura ruim, mas fica aquela sensação de que poderia ter sido muito mais.
Nota: ☕︎☕︎☕︎☕︎☕︎
Autor(a): Emily J. Taylor
Ano: 2024
Editora: Grupo Editorial Record
Páginas: 400
0 comentários